Os Upanishads, antigos tratados filosóficos indianos, afirmam que "a verdade é uma só, embora os sábios a chamem por diferentes nomes". Para Kabir os ignorantes fazem dessas variadas denominações armas letais, segregando, perseguindo e até matando em nome de Deus. Povos contra povos, guerras e o fanatismo que parecem não ter fim.
Os versos de Kabir eram inspirados e ironizavam a tolice dos fanáticos. Também neles proclamou seu amor irrestrito a Deus.
No poema abaixo o poeta faz a própria Divindade falar, como um amigo íntimo, ao homem, ele comunica a força de uma experiência espiritual que transcende as formas e as técnicas das religiões:
Onde me procuras?
Estou contigo.
Não nas peregrinações ou nos ídolos, tampouco na solidão.
Não nos templos ou nas mesquitas, tampouco na Caaba ou no Kailasa.
Estou contigo, ó homem, estou contigo.
Não nas preces ou na meditação, tampouco no jejum.
Não nos exercícios iogues ou na renúnica, tampouco na força vital ou no corpo.
Estou contigo, ó homem, estou contigo.
Não no espaço etério ou no útero da terra, tampouco na respiração da respiração.
Procura ardentemente e descobre, em um instante único de busca.
Escuta com atenção!
Onde está tua fé, lá eu estou".
Completa Kabir: "desde o dia em que me encontrei com meu Senhor, o jogo de nosso amor não teve fim".
Fonte: José Tadeu Arantes em seu livro "Mestres"!
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