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sábado, 1 de novembro de 2014

Cailleach

Cailleach, também conhecida como Cailleach Bheur , é uma figura mitológica, possivelmente uma divindade ancestral, celta, sobretudo na Escócia e na Gália Céltica, bem como no panteão celta da Inglaterra (onde é conhecida como Black Anis), no irlandês e no da Cornualha.
A sua função seria a de proteger todos os animais no Inverno e no outono e cuidar da natureza, embora se acredite também que era "em si" o espírito do Inverno, que não permitia que a natureza se desenvolvesse livremente. Os irlandeses consideravam-na uma deidade primariamente benéfica, protetora do gado, enquanto os ingleses lhe outorgavam uma atitude maléfica. Os gauleses veneravam-na como a deusa-fada da sabedoria, e os escoceses consideravam-na apenas como uma deidade do Inverno, sem lhe adjudicarem qualquer caráter adicional.
A palavra Cailleach significa "a mãe anciã" ou "a velha" no gaélico moderno, e provém do irlandês antigo caillech ("véu"), que provavelmente tenha a mesma origem que o latim pallium ("pálio", "capa"). Este termo passou para a língua gaélica durante as invasões romanas ao território celta; ao adaptar a palavra à dicção celta, o "p" mudou para "c", e a terminação foi substituída por – ach, que neste idioma servia para marcar adjetivos qualificativos. Com a raiz latina pallium e o morfemacelta - ach, o significado literal de Cailleach seria "a velha com véu", "a anciã que está de véu". Este vocábulo é por vezes usado como sinônimo de bruxa na Irlanda e na Escócia. Enquanto a Bheur, a sua origem é desconhecida. Berry, uma das suas variantes, significa "baga" em inglês. Adicionalmente, acredita-se que deste vocábulo derive o nome da península de Beara, possível local de origem desta deusa. Em resumo, o significado completo do nome Cailleach Bheur, em todas as suas variantes, poderia ser "a anciã com véu que habita em Beara". Outro possível significado desta palavra em gaélico é "amarelo", cor considerada nesta mitologia como a da morte e da putrefação.
A deusa Cailleach era representada usualmente como uma anciã de pele azulada, um só olho no centro da testa que lhe dava certo parecido com o ciclope Polifemo, dentadura de urso e colmilhos de javali. Era representada com vestimenta cinzenta, com um avental e com uma espécie de xale ou de capa de tela escocesa nos ombros; e portando às costas uma aljava com flechas de ouro e um arco de madeira de sabugueiro para atacar a quem matasse lobosjavalis e cervos, animais que defendia. Pelo contrário, segundo outra versão, ajudava os caçadores a localizarem esses animais, indicando-lhes onde e quando lançar as flechas. Outras lendas falam da sua varinha mágica, feita de madeira de azevinho, que usava para murchar as folhas no início do outono e para se converter finalmente em pedra no fim do Inverno. Segundo outras fontes, a varinha era feita com pele humana e na sua saia havia rochas que iam caindo quando avançava. Outra lenda afirma que uma longa caminhada da Cailleach teria originado todos os vales, montanhas e lagos. Adicionalmente, no inverno, segundo outras tradições, ia montada num grande lobo voador, distribuindo o frio em todas as regiões.
A crença mais estendida entre os celtas da Grã-Bretanha era que, na realidade, Cailleach, a velha feiticeira protetora, era a mesma pessoa que a deusa do fogo, da poesia e da primavera, Brígida, deusa Brígida. No final da estação invernal, a primeira, segundo as lendas dos gauleses, tornava-se voluntariamente numa rocha de grande tamanho, situada junto a um azevinho, local no que não cresce a erva pelo desgosto que a esta lhe provoca. Contudo, segundo outras lendas celtas, viaja em 31 de janeiro para a ilha de Avalon, onde fica a "árvore da juventude eterna", da qual comia para se tornar nova e atraente, transformando-se assim em Brígida. Assim, podia acudir à celebração do Imbolc, um ritual celta no início da primavera, para que a terra reverdecesse. Outra versão da mesma história sustém que na realidade, a Cailleach mantém prisioneira Brígida todos os anos para a libertar em Imbolc, o seu ritual sagrado. Esta é liberta por Angus McOg, uma divindade celta do amor que se mantém sempre jovem.
Outra crença dos celtas sobre esta deusa é que "nasce" velha no início do Inverno e depois vai rejuvenescendo sem se converter em pedra nem viajar até Avalon, mas pela autoria de um processo natural. Esta tradição estava difundida, sobretudo, em Gales e na Inglaterra. Cailleach também prediz o clima, protege os druidas e transforma-se em grou para salvar grandes distâncias. A Rainha do Inverno, título que lhe adjudicavam os celtas, buscava guerreiros e heróis nas florestas pedindo amor, e quando o recebia transformava-se numa formosa mulher jovem. Quando o seu esposo falecia, repetia a mesma operação. Tinha pelo menos cinquenta filhos, entre os quais havia povos e raças na íntegra.
As tríades, na mitologia celta, consistiam na fusão de três personalidades divinas numa só pessoa. O significado que possuía o número três nesta mitologia era o de "o meio", a indecisão que existe entre o bem e o mal. O três representa na numerologia a ideia da plenitude ou totalidade, como nos trios de passado/presente/futuro e mente/corpo/espírito. Os pitagóricos consideravam o três o primeiro número completo, pois, igual a três seixos postos em fila, possui um começo, um meio e um final. 
A deusa Cailleach seria a mesma pessoa que as deusas Brígida e Dana, segundo diversas tradições:
  • Brígida era a deusa do fogo e da música, bem como a padroeira das mulheres grávidas. O seu culto era muito estendido por todo o território celta. Quando os evangelizadores chegaram à Irlanda, não puderam eliminar o seu culto, e assim decidiram adaptá-lo ao cristianismo, tornando-a Santa Brígida da Irlanda.
  • Dana é uma deidade relacionada à fertilidade da Terra, ao ciclo das estações e à criação do mundo. O nome dosTuatha de Dannan significa textualmente "Filhos de Dana", em honra a ela. Acredita-se que é a esposa e mãe de Dagda, e que as suas filhas são, entre outras, Nimue e Morrigan.
Segundo as tradições celtas mais diversas, a tríade formada por Dana, Brígida e a Cailleach tem um simbolismo que representa a sucessão das estações, a fertilidade da terra e o ciclo da vida e da morte. Adicionalmente, segundo as tradições que referem à batalha entre Cailleach e Brígida, esta tríade representa o passar do tempo, a velhice e a juventude, entre outras coisas.
A origem de Cailleach foi sempre, quanto menos, incerta. Pertence à raça dos Corcu Duibne, raça aparentada com a dosTuatha Dé Danann, que são os seus descendentes. Algumas tradições contam que o seu pai não era outro que Cuí Roí, um herói celta, enquanto outras afirmam que o seu pai era Dagda, deus criador da raça dos Tuatha, embora também pudesse ter sido o irmão deste. Adicionalmente, segundo outras lendas, a deusa Morrigan era a sua irmã, ainda que outras variantes sustêm que era a sua mãe. Ambas eram obscuras deusas da sabedoria, embora isto não seja totalmente certo, porque Morrigan o era além da guerra.
Em que pese à sua relação incerta, Dagda e a Cailleach conceberam juntos o seu filho, Angus McOg, deus do amor. Ela impediu seu filho ir à procura de Caer, filha de um dos reis celtas para a desposar pela razão de que a considerava "um mau presságio", coisa que ao final não foi certa.
O ritual do Samhain, celebrado em 31 de outubro, também conhecido em inglês como Halloween (contração de All Hallows Even, "Dia de todos os santos"), era o ritual mais importante do calendário celta. Celebrava-se no final do verão e do ano celta. Etimologicamente significa "o final do verão". É uma festa de colheita e despedida, durante a que a deusa Dana falece ou, segundo outras versões do mito, viaja a uma terra afastada com toda a sua corte de fadas.
Contudo, os celtas colheitavam todos os seus cultivos antes da noite do 31 de outubro, porque acreditavam que depois dessa data estes já não pertenciam ao mundo humano, mas a Cailleach. No Samhain, Cailleach era invocada mediante diversos cânticos para lhe pedir que cuidasse os cultivos, a natureza e o mundo, bem para outorgar sabedoria aos seus fiéis.
Tratando-se de um ritual cujo simbolismo predominante é o da vida e da morte como parte de um ciclo natural, é possível que os celtas acreditassem que a "fronteira" entre o mundo dos vivos e dos mortos se dissolvia nesta data, pelo qual se justifica a atitude celta de deixar praças livres na mesa para os seus defuntos.
Na Escócia:
As menções a Cailleach são frequentes na zona de Argyll e Bute, na Escócia. Em lendas originárias dali é conhecida como Cailleach na Cruachan, a bruxa de Ben Cruachan, que é a montanha mais alta da região. Vendem-se bolsas de chá e postais com a sua imagem aos turistas dessa montanha, considerada sagrada, num negócio que possui uma pintura mural que descreve como Cailleach criou o lago Awe.
Na Irlanda:
É associada com as escarpadas e salientes montanhas e afloramentos, como a Hag's Head ( "Cabeça da Bruxa", em irlandês Ceann na Cailleach), o penhasco mais meridional das falésias de Moher no condado de Clear. Os túmulos megalíticos de Loughcrew, que anunciam a chegada da língua gaélica à Irlanda, ficam em cima de Slieve na Calliagh ("Outeiro da Bruxa").
Fonte: Wikipedia.

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